quarta-feira, 26 de maio de 2010

Discussão sobre "busca pela felicidade" na Constituição...vê se eu posso!

Admiro muito a figura do senador Cristovam Buarque, admiro, mesmo, e tanto é verdade que meu voto foi pra ele na última eleição à presidência. Creio nas suas boas intenções e  que ele se esforça como poucos neste país em prol da melhoria na qualidade educacional. E isso, pra mim, faz dele uma pessoa digna de ser admirada e respeitada.
Conheci-o pessoalmente, ano retrasado, no aeroporto. Pegamos o mesmo avião a Montevidéu, não sem antes eu presenciar uma admirável conversa com minha ex-orientadora, Prof.ª Emérita Leonor Scliar-Cabral, sobre os problemas de alfabetização do Brasil.
Simpático, simples, atuante em seu papel, e - até onde seu - íntegro. Admirável, pois.
Uma vez, porém, ouvi algo que só agora começo a entender. Diziam-me que o grande problema de Cristovam Buarque era sua visão romântica demais num mundo em que tal postura não cabe. Diante das últimas notícias, sou obrigada a reconhecer algum quê de verdadeiro em tal comentário. 

Em nota publicada em seu blog, o senador comunica que a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) debate hoje a proposta de inclusão do "direito à busca da felicidade" na Constituição federal, entre os direitos sociais expressos no artigo 6º. Participam do debate, entre outros,o ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho; o maestro João Carlos Martins e o professor Daniel Seidel, que representa a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A reunião é presidida pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

Ampla campanha de divulgação tem sido feita pelo senador via Twitter, onde eu soube da notícia. Por acompanhar o "plebiscito" virtual e ver que a ideia está timidamente ganhando força foi que não resisti e, além de participar da votação, manifestei-me em seu blog sobre o assunto.

Meu comentário, que ainda aguarda aprovação da moderação, ou seja, do próprio senador, segue abaixo e foi escrito com toda a liberdade de expressão que me cabe como cidadã e também com todo o meu respeito:

Sr. Senador,



Admiro muito sua pessoa, mas, desculpe-me a sinceridade, preciso me manifestar. Penso que ocupar o precioso tempo de vocês (pago com nosso dinheiro) para discutirem a constitucionalização da busca da felicidade soa mais a piada que qualquer outra coisa.


Custa-me crer no que leio a esse respeito!


Qual lógica está por trás disso? Não se discute mais formas de garantir aos cidadãos seus direitos já constitucionalizados, como moradia, educação decente, saúde, liberdade de expressão, credo, etc., mas o direito à "busca pela felicidade"?


Desde quando é preciso lei para isso?


E que felicidade seria essa? E que tipo de busca? Como garantir algo tão subjetivo se premissas básicas não são garantidas por lei aos brasileiros?


Se já não bastasse a excessiva subjetivização de muitas questões científicas que atravancam o avanço educacional deste país, agora essa subjetivização romântica tenta ganhar status constitucional?


Quem sabe devêssemos mesmo discutir o sexo dos anjos.

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Link para o blog do senador: http://buarque.org.br/


Que Deus ilumine nossos representantes!

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