terça-feira, 16 de novembro de 2010

Que adulto é esse, afinal?

Estou revisando um livro sobre crianças abusadas sexualmente.
Pensei duas vezes antes de aceitar, pois sabia que o tema mexeria muito comigo e é difícil revisar um texto no qual a gente se envolve emocionalmente.

Muitas histórias revoltantes e lamentáveis... e já tendo ultrapassado a metade do livro, uma passagem me tocou profundamente. Nela, a pessoa que narra sua própria história conta que seu pai a rejeitara quando criança... que a chamava de feia e ria. Foi esse o trecho que me fez chorar. O pai chamava a própria filha de feia... e ria.

Há no livro casos de pais que estupram os próprios filhos, primos mais velhos que abusam dos pequenos, mães negligentes, patrões sem escrúpulos, etc., etc. etc. mas aquela passagem aparentemente tão banal, perto do bizarro total da obra, me tocou tanto!

Que adulto é esse, afinal, que se faz tão cruel com uma criança?
Qual criança, em toda a sua beleza, merece ouvir que é feia?
Qual inocente criatura merece ter maculada a sua existência de tal forma... tão cedo?


A passagem me tocou fundo porque lembrei de um episódio narrado por uma conhecida, dias atrás, que também me deixou com um nó na garganta. Ela me contava de uma "amiga", "professora" (!), que tinha um aluno de uns 10 anos magriiiinho, tíiiiiiimido... aquela filha de Deus perfeito costumava dizer ao menino quase diariamente o quanto o achava feio. E ria.

Dizem que as crianças hoje em dia já nascem aprendendo a fazer tanta coisa... por que não nascem aprendendo a não ter medo de pôr a boca no mundo diante de absurdos assim? Talvez por já nascerem sabendo que provavelmente não haverá um adulto por perto que acredite nelas... ou que faça algo por elas, caso acredite.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Faltam 80 dias... jaaaaá!

Loucura, loucura... faltam 80 dias e ainda tenho tanto a providenciar! Mas vamos que vamos... a coisa está fluindo. Vai ser lindo, com as bênçãos de Deus.

Quanto ao "Estrada & Vários", não sei se conseguimos concluí-lo ainda em janeiro, mas estamos evoluindo. Hoje recebi a mais nova música... a sétima versão de "Roda Gigante", feita com base num poema que escrevi em julho. Finalmente encontramos o ponto. Ficou muito boa. Uma levada deliciosa, uma letra forte, impactante. 

Segue a letra:

"Quantas voltas damos?
Quanto tempo temos?
Quando é que nós vamos descer?

Quanto mais rodamos
mais parados somos
Cromossomos, herança do ser

Viver cada volta é 
prova incontestável da fé
É tanta saudade do chão
que pulamos!

Quanto mais lembramos, esquecemos planos
Quando é que nós vamos crescer?
Do ciclo gigante, da roda constante
Estaremos no alto pra ver?

Por querer tocar o céu
por amar vertical carrocel
É tanta saudade da dor que amamos!

A maldade tem volta
A revolta vicia
Em um giro te adora, te devora em um dia

Na ciranda da luz que seduz, alicia
A rotina do agora devora, é a roda que gira (que gira)"




"