sábado, 1 de dezembro de 2007

Um dia mais que especial

Céu de Santo Amaro
Composição: Flávio Venturini/ Caetano Veloso






Olho para o céu



Tantas estrelas dizendo da imensidão


Do universo em nós


A força desse amor


Nos invadiu...


Com ela veio a paz, toda beleza de sentir


Que para sempre uma estrela vai dizer


Simplesmente amo você...


Meu amor...


Vou lhe dizer


Quero você


Com a alegria de um pássaro


Em busca de outro verão


Na noite do sertão


Meu coração só quer bater por ti


Eu me coloco em tuas mãos


Pra sentir todo o carinho que sonhei


Nós somos rainha e rei





Na noite do sertão


Meu coração só quer bater por ti


Eu me coloco em tuas mãos


Para sentir todo o carinho que sonhei


Nós somos rainha e rei


Olho para o céu


Tantas estrelas dizendo da imensidão


Do universo em nós


A força desse amor nos invadiu...


Então...


Veio a certeza de amar você!





É isso! A música diz tudo! Dois anos maravilhosos de um amor puro e encantadoramente transformador. Parabéns, meu amor!





sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Sin miedo

Segue aí mais uma letra que acho fantástica, da artista espanhola Rosana Arbelo, simplesmente DEMAIS!!!!


Álbum: Lunas Rotas
Música: Sin miedo

Sin miedo sientes que la suerte está contigo

Jugando con los duendes abrigándote el camino
Haciendo a cada paso lo mejor de lo vivido
Mejor vivir sin miedo

Sin miedo, lo malo se nos va volviendo bueno
Las calles se confunden con el cielo
Y nos hacemos aves, sobrevolando el suelo, así

Sin miedo, si quieres las estrellas vuelco el cielo
No hay sueños imposibles ni tan lejos
Si somos como niños
Sin miedo a la locura, sin miedo a sonreir

Sin miedo sientes que la suerte está contigo...
Sin miedo, las olas se acarician con el fuego
Si alzamos bien las yemas de los dedos
Podemos de puntillas tocar el universo, sí

Sin miedo, las manos se nos llenan de deseos
Que no son imposibles ni están lejos
Si somos como niños
Sin miedo a la locura, sin miedo a sonreir

Sin miedo sientes que la suerte está contigo...
Lo malo se nos va volviendo bueno
Si quieres las estrellas vuelco el cielo
Sin miedo a la locura, sin miedo a sonreir


Tania Mikaela Garcia

domingo, 25 de novembro de 2007

O bambu chinês

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada, durante 5 anos. Todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas, uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída.
Um escritor americano escreveu:
"Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês"
Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento e, às vezes, não vê nada por semanas, meses, ou anos.
Mas, se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º ano chegará, e, com ele, virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava...
O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos, de nossos sonhos... especialmente no nosso trabalho, (que é sempre um grande projeto em nossas vidas). É que devemos lembrar do bambu chinês, para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão.
Tenha sempre dois hábitos: Persistência e Paciência, pois você merece alcançar todos os sonhos!!!
É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão. Autor desconhecido
Encontrei esse texto no site http://www.otimismoemrede.com
Ele veio bem a calhar numa época em que vivencio meu quinto ano de plantação... e ainda não vi brotar meu bambu.
Espero que sirva também para você.
Um abraço,
Tania Mikaela Garcia

domingo, 18 de novembro de 2007

Mulher de 40

Admirável a sensibilidade do autor quanto ao universo feminino.
Delicie-se, mulher... de 20, 30, 40 ou de que idade for!
Por Adriano Silva, 31 anos, diretor de redação da revista Superinteressante.

Tome a mesma mulher aos 20 e aos 40 anos.
No segundo momento ela será umas sete ou oito vezes mais interessante, sedutora e irresistível do que no primeiro. Ela perde o frescor juvenil, é verdade. Mas também o ar inseguro de quem ainda não sabe direito o que quer da vida, de si mesma, de um homem. Não sustenta mais aquele ar ingênuo, uma característica sexy da mulher de 20. Só que é compensado por outros atributos encantadores de que se reveste a mulher de 40.
Como se conhece melhor, ela é muito mais autêntica, centrada, certeira no trato consigo mesma e com seu homem. Aos 40, a mulher tem uma relação mais saudável com o próprio corpo e com seu cheiro cíclico. Não briga mais com nada disso. Na verdade, ela quer brigar o menos possível. Está interessada em absorver do mundo o que lhe parecer justo e útil, ignorando o que for feio e baixo-astral. Quer é ser feliz. Se o seu homem não gostar do jeito que ela é, que vá procurar outra. Ela só quer quem a mereça.
Aos 40 anos, a mulher sabe se vestir. Domina a arte de valorizar os pontos fortes e disfarçar o que não interessa mostrar. Sabe escolher sapatos, tecidos e decotes, maquiagem e corte de cabelo. Gasta mais porque tem mais dinheiro. Mas, sobretudo, gasta melhor. E tem gestos mais delicados e elegantes. Aos 40, ela carrega um olhar muito mais matador quando interessa matar; finge indiferença com mais competência quando interessa repelir. Ela não é mais bobinha. Não que fique menos inconstante. Mulher que é mulher, se pudesse, não vestiria duas vezes a mesma roupa nem acordaria dois dias seguidos com o mesmo humor.
Mas, aos 40, ela já sabe lidar melhor com este aspecto peculiar da condição feminina. E poupa (exceto quando não quer) seu homem desses altos e baixos hormonais que aos 20 a atingiam - e quem mais estiver por perto - irremediavelmente. Aos 20, a mulher tem espinhas. Aos 40, tem pintas, encantadoras trilhas de pintas, que só sabem mesmo onde terminam uns poucos e sortudos escolhidos. Sim, aos 20 a mulher é escolhida. Aos 40, é ela quem escolhe. E não veste mais calcinhas que não lhe favorecem. Só usa lingeries com altíssimo poder de fogo. Também aprende a se perfumar na dose certa, com a fragrância exata. A mulher aos 40, mais do que aos 20, cheira bem, dá gosto de olhar, captura os sentidos, provoca fome.
Aos 40, ela é mais natural, sábia e serena. Menos ansiosa, menos estabanada. Até seus dentes parecem mais claros. Seus lábios, mais reluzentes. Sua saliva, mais potável. E o brilho da pele não é o da oleosidade dos 20 anos, mas pura luminosidade. Aos 20, ela rói unhas. Aos 40, constrói para si mãos plásticas e perfeitas. Ainda desenvolve um toque ao mesmo tempo firme e suave. Ocorre algo parecido com os pés, que atingem uma exatidão estética nsuperável. Acontece também alguma coisa com os cílios, o desenho das sobrancelhas. O jeito de olhar fica mais glamuroso, mais sexualmente arguto.
Aos 40, quando ousa no que quer que seja, a mulher costuma acertar em cheio. No jogo com os homens, já aprendeu a atuar no contra-ataque. Quando dá o bote, é para liquidar a fatura. Ela sabe dominar seu parceiro sem que ele se sinta dominado. Mostra sua força na hora certa e de modo sutil. Não para exibir poder, mas para resolver tudo a seu favor antes de chegar o ponto de precisar exibi-lo. Consegue o que pretende sem confrontos inúteis. Sabiamente, goza das prerrogativas da condição feminina sem engolir sapos supostamente decorrentes do fato de ser mulher.
Se você, leitora, anda preocupada porque não tem mais 20 anos - ou porque ainda tem mas percebeu que eles não vão durar para sempre - fique tranqüila. É precisamente aos 40 que o jogo começa a ficar bom.
Tania Mikaela Garcia

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O varal da vizinha

Um casal, recém-casado, mudou-se para um bairro muito tranqüilo. Na primeira manhã que passavam na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou em uma vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o marido:
- Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando de um sabão novo. Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!
O marido observou calado.
Três dias depois, também durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no varal e novamente a mulher comentou com o marido:
- Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!
E assim, a cada três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal.

Passado um mês, a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos, e empolgada foi dizer ao marido:
- Veja, ela aprendeu a lavar as roupas, será que a outra vizinha a ensinou? Porque eu não fiz nada.
O marido calmamente respondeu:
- Não, hoje eu levantei mais cedo e lavei a vidraça da janela!

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Lave sua vidraça.

Abra sua janela.

(autor desconhecido)

Tania Mikaela Garcia

textocorrigido@terra.com.br

domingo, 4 de novembro de 2007

E vivam as baleias!

Essa já é velhinha... mas "vale a pena ver de novo". Hahaha.


E vivam as baleias!!!A academia Runner colocou um outdoor em São Paulo que dizia o seguinte:


'Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia?'
Uma mulher enviou a eles a sua resposta e distribuiu o seguinte e-mail por aí...


'Ontem vi um outdoor da Runner, com a foto de uma moça escultural de biquíni e a frase: ' Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia?'

Resposta: 'Baleias sempre estão cercadas de amigos. Baleias têm vida sexual ativa, engravidam e têm filhotinhos fofos. Baleias amamentam. Baleias nadam por aí, cortando os mares e conhecendo lugares legais como as banquisas de gelo da Antártida e os recifes de coral da Polinésia.Baleias têm amigos golfinhos.

Baleias comem camarão à beça.Baleias esguicham água e brincam muito. Baleias cantam muito bem e têm até CDs gravados. Baleias são enormes e quase não têm predadores naturais. Baleias são bem resolvidas, lindas e amadas.


Sereias não existem.

Se existissem viveriam em crise existencial: sou um peixe ou um ser humano? Não têm filhos, pois matam os homens que se encantam com sua beleza. São lindas, mas tristes e sempre solitárias...Runner, querida, prefiro ser baleia!'


A Runner retirou o outdoor na mesma semana.


Se é verdadeiro ou não, vale a reflexão!
E vivam as baleias!!!


Tania Mikaela Garcia
textocorrigido@terra.com.br

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Adversidades

Quando criei o blog, imaginei que teria tempo para alimentá-lo sempre. Ledo engano!
Como está complicado encontrar alguns minutos para produzir minhas reflexões (idéias e vontade não faltam, podem ter certeza!), eu decidi partilhar com vocês alguns textos de que gosto.
Infelizmente, não sei a autoria de todos, então, caso saibam, por favor, avisem-me para que eu possa fazer o devido registro.

Segue aí o primeiro deles, lindo, lindo:

Uma filha se queixou ao seu pai sobre sua vida e de como as coisas estavam tão difíceis para ela. Já não sabia mais o que fazer e queria desistir, estava cansada de lutar e combater. Assim que um problema estava resolvido, um outro surgia.
Seu pai, um "chef", levou-a até a cozinha dele, encheu três panelas com água e colocou, separadamente, em cada uma delas cenouras, ovos e pó de café. Deixou que tudo fervesse durante vinte minutos, sem dizer uma palavra. Depois retirou as cenouras, os ovos e o café e colocou-os em tigelas diferentes. Virando-se para ela, perguntou: "Querida, o que você está vendo?" "Cenouras, ovos e café", ela respondeu.

Ele pediu para experimentar as cenouras. Ela notou que as cenouras estavam macias. Pediu, então, que pegasse um ovo e quebrasse. Ela retirou a casca e verificou que o ovo endurecera com a fervura. Finalmente, ele pediu que tomasse um gole de café. Ela sorriu ao sentir seu aroma delicioso e perguntou humildemente: "O que isto significa, pai?"
Ele explicou que cada um deles havia enfrentado a mesma adversidade, a água fervendo, mas cada um reagira de maneira diferente. A cenoura entrara forte, firme e inflexível, mas depois amolecera e se tornara frágil. Os ovos eram frágeis, mas sua casca fina havia protegido o líquido interior que, após a fervura, tornou-se mais rijo. O pó de café, contudo, era incomparável, havia mudado a água.
"Qual deles é você?", ele perguntou. "Quando a adversidade bate a sua porta, como você responde?"

Você é como a cenoura, que parece forte, mas com a dor e a adversidade murcha, se torna frágil e perde sua força? Será que você é como o ovo? Tinha um espírito maleável, mas depois de alguma morte, uma falência, um divórcio ou uma demissão, você se tornou mais difícil e duro? Sua casca parece a mesma, porém você está mais amargo e obstinado? Ou será que você é como o pó de café? Muda a água fervente, a coisa que está trazendo a dor, para conseguir o máximo de seu sabor, a 100 graus centígrados?
Se você é como o pó de café, quando as coisas ficam piores, você se torna melhor e faz com que tudo ao seu redor se torne melhor.
Como você lida com a adversidade?

(Autor desconhecido)
Tania Mikaela Garcia

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Show

Amo cantar. Nada supera a magia de um solo numa música bem composta. Cantar acompanhada de um coral, como fiz durante anos, é também uma sensação única e insubstituível. O coral preenche, eleva, provoca uma sensação de transcendência já típica da que só quem canta é capaz de sentir. Mas a transcendência que cantar num coral provoca é uma transcendência angelical.
É como se naquele momento transformássemo-nos em verdadeiros anjos flutuando na música. E solar acompanhada de um coral, então... tenho até dificuldades para definir a emoção. De qualquer forma, nem preciso me esforçar, uma vez que Ná Ozzetti consegue fazer isso brilhantemente ao interpretar a canção "Show" (confiram a canção clicando no título deste texto, que remete à Rádio UOL). Melodia e letra belíssimas casadas numa voz doce e harmoniosa, numa interpretação que me faz "levitar" cada vez que ouço.
Numa fase da minha vida em que muito do meu trabalho é exercido isoladamente em frente ao computador, acho perfeito ilustrar esse vôo solo com esta canção:


Ná Ozzetti - Show

É só uma voz
A minha voz
Sem coral
Cadê o coral?

Cantava aqui
Estava aqui
Cadê o pessoal?

A música avança
Lança em mim
Um gelo geral, solidão
Voz sem coral

É só uma vez
A minha vez
De fazer
O solo final

Eu entro aqui
Eu entro em mim
Voz principal

Solei, solei
E um coro virtual
Eu ouvi anunciando sem dó
Sou eu, e só

E assim eu refiz meu caminho
Com voz e com muita emoção
O coro virtual eu troquei
Por um vigoroso violão

E quem sonhou
Sofreu, chorou
Pode fazer de uma só voz
Um show

Pode não ser
Um mega show
Um festival com multidões

Mas quem chorou
Já tem na voz
Um show

Tania Mikaela Garcia

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Que horas são?

Eu sempre comento com meus alunos (os pequenos) que ainda preciso escrever um livro chamado Micos da Mika. São tantos, às vezes nem creio!

Hoje foi o dia de “pagar” mais um “mico básico”, como eles diriam. Fui trabalhar e, ao chegar ao colégio, estranhei ver tantos carros estacionados tão cedo. Entrei na secretaria e perguntei:
_ Ju (a secretária), que horas são?
_ Oito e vinte, professora!
_ Quêêê?
_ Oi-to e vin-te, professora!

Quase tive um treco. Juro que pensei que havia surtado de vez. Eu estava tão tranqüila. Acordei cedo, tomei um superbanho. Até voltei a deitar um pouquinho, assim, pra olhar pro teto e pensar na vida (adoro fazer isso). Pra que chegar tão cedo na escola, afinal? Adiantei o almoço, levei o lixo. Uma verdadeira dona-de-casa. Coisa mais linda! Em qual desses momentos perdi uma hora de bobeira? Não entendi mais nada!

Eu sou um pouco neurótica com horário. Confiro de 5 em 5 minutos o relógio, pois DETESTO me atrasar pra qualquer compromisso (ainda mais aula). Eu olhei no celular e conferi no relógio da cozinha. Saí de casa no horário de sempre, às 7h.

O único detalhe ao qual não me “antenei” foi que o horário de verão começou a vigorar no sábado e... han... bem... eu não sabia! Sério! Eu não sabia!

Eu sei, todos me perguntaram: “Não assiste televisão?” (Tudo bem que deveria ter um “à” antes de “televisão”, pois o verbo assistir nesse contexto é transitivo indireto e exige a preposição “a”, que forma crase com o artigo definido que deveria também acompanhar o referido substantivo, mas isso não vem ao caso!). “Não, não assisto!” Moro num bairro muito afastado, com péssimo sinal de transmissão e, pra falar a verdade, televisão não me faz a menor falta.

Já pensei em resolver a situação, mas não tenho a opção de tv a cabo (devido à distância) e me nego veementemente a pagar quase R$ 100,00 mensais por uma assinatura de tv, ainda mais que não teria a opção de assistir à Globo. Não que eu morra de amores pela programação da emissora (looooonge disso!), mas acho um abuso pagar essa fortuna para não ter sequer o que praticamente todo o mundo (o Brasil, eu sei!) tem de graça. Humpft! Um abuso! Não que eu seja “muquirana”, mas acho um abuso.

Tudo bem... sou obrigada a reconhecer que nem é esse o motivo de eu não fazer a tal da assinatura. O problema nem seria pagar R$ 100,00 por mês para ver televisão na minha própria casa (embora eu considere isso um ultraje), mas ter ali disponíveis diariamente na minha sala o AXN, o TNT, o Sony Entertainment e o Warner Channel com todas as suas programações.

Imagina...CSI, CSI New York, CSI Miami (tem mais algum? Não, né? Que pena!), Close to home, The Whisperer, Law & Order, Without a trace, Medium, Desperate Housewives, Cold case, Heroes, The Closer, ufa… não dá, né? Isso sem contar os filmes... eu não faria mais nada na vida!
É, o melhor mesmo é ficar sem televisão, até porque a assinatura com valor ofensivo nem resolveria o meu problema de hoje. O que resolveria era eu ter amigas mais “reclamonas”. Ontem foi feriado. Trabalhei em casa. Minhas amigas não comentaram nada. Parece que ninguém se incomodou com a mudança de horário, pois ninguém comentou NADA nesses dois dias comigo.

Enfim, fiquei sem saber que o horário de verão tinha começado. Fazer o quê? “Pagar o mico” e agüentar as piadinhas dos “figuras” dos meus alunos, que não perdoam nenhum deslize.

No final da aula, eles passavam por mim no corredor da escola e a pergunta era: “Professora, que horas são?”
Vejam só que ironia, a hora em que esta mensagem do blog foi postada também está atrasada!
Será que sou eu que tenho que alterar isso?

:S
Tania Mikaela Garcia

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Ausência

Ando ausente!

Há mais de dez dias que não posto nadinha. Meus dias têm sido incessantes e longe do computador. Enquanto a tempestade não acalma, deixo com vocês a letra da canção que inspirou o nome do meu blog. Tive o prazer de conhecê-la quando fui a Porto Alegre, em março deste ano, assistir ao show do meu maior ídolo da música brasileira: Chico Buarque. A empatia com o trecho das letras de macarrão foi imediata.

Deliciem-se:


A Bela e a Fera
Edu Lobo - Chico Buarque/1982
Para o balé O grande circo místico

Ouve a declaração, oh bela
De um sonhador titã
Um que dá nó em paralela
E almoça rolimã
O homem mais forte do planeta
Tórax de Superman
Tórax de Superman
E coração de poeta

Não brilharia a estrela, oh bela
Sem noite por detrás
Tua beleza de gazela
Sob o meu corpo é mais
Uma centelha num graveto
Queima canaviais
Queima canaviais
Quase que eu fiz um soneto

Mais que na lua ou no cometa
Ou na constelação
O sangue impresso na gazeta
Tem mais inspiração
No bucho do analfabeto
Letras de macarrão
Letras de macarrão
Fazem poema concreto

Oh bela, gera a primavera
Aciona o teu condão
Oh bela, faz da besta fera
Um príncipe cristão
Recebe o teu poeta, oh bela
Abre teu coração
Abre teu coração
Ou eu arrombo a janela


E dizer que eu ainda não a conhecia. Tsc, tsc, tsc.

Tania Mikaela Garcia

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Um ciclo se fecha


Já reparou como tudo na vida são ciclos? Isso não é novidade alguma, eu sei. Mas gosto de refletir a respeito.

Envolvemo-nos com algum projeto, sintonizamo-nos com algumas pessoas, dedicamo-nos a algum empreendimento... e, por algum tempo, parece que aquela realidade sempre se manterá, tamanha a importância que damos a ela.

O interessante é percebermos em que estágio desse ciclo está nossa relação com esse “outro”. Tudo o que fazemos deve-nos trazer um crescimento, e (deixe-me sonhar, por favor!) perfeito é quando esse crescimento se estende a outras pessoas com as quais convivemos. O que precisamos eternamente aprender é que esses processos não são eternos. Chega um momento em que uma dada situação não nos acrescenta mais. Há riscos que valem o investimento. Há aborrecimentos e ajustes que merecem um esforço para a adequação, afinal de contas, qual relação é fácil? Qual projeto não demanda perseverança? Limites, porém, devem ser respeitados.

Sempre me incomoda reconhecer e respeitar certos limites, até porque esses limites são meus e me fazem ter de abrir mão de algo que eu gostaria de manter comigo. Incomoda-me ainda mais sentir que minha decisão de concluir um ciclo muitas vezes não é tomada apenas por sentir que esse ciclo está chegando ao fim. O que de fato me incomoda é ter de fechar um ciclo para me manter fiel àquilo em que acredito, uma vez que me deparo com alguma atitude injusta, autoritária, hipócrita ou impostora.

Eu sou tolerante a muitas coisas que poucos tolerariam. Não me importo que façam pouco de mim. Não me importo que não aceitem minhas opiniões ou minhas filosofias. Não me importo que não me dêem a atenção que julgo merecer ou o reconhecimento que tantos têm fazendo tão menos que eu. Por ironia, talvez, não tolero duas coisas a que muitos andam desatentos hoje em dia: 1) não admito ser usada por pessoas que visam a interesses escusos*. 2) não admito ter de conviver num espaço em que os fins justificam os meios e os meios envolvam a falta de respeito com pessoas dignas da minha admiração.

Há mais de ano (creio!) entrei numa comunidade de Psicologia do Orkut. Mais de 35 mil membros, um número e tanto! Entrei acreditando poder aprender muito com um grupo de estudiosos que podem contribuir para a desmistificação de uma profissão que tanto admiro e que tanto sofre o preconceito da ignorância de quem não a conhece. Eis que o que presenciei foi uma realidade extremamente ditatorial de um líder que não aceitava, em hipótese alguma, qualquer tipo de manifestação que contrariasse seus pensamentos ou que pusesse sua imagem "inabalável" em risco. Se a garantia dessa imagem e desse status que acreditava ter por conta da moderação de uma comunidade no Orkut necessitasse passar por atitudes grosseiras, ridicularizadoras, coercitivas e totalmente arbitrárias, isso pouco importava. Ele decidia. Ele fazia. E ponto. Pesos e medidas distintas. Tratamentos simpáticos e respeitosos em público, e total falta de respeito em e-mails e mensagens pessoais. Fez-me lembrar da fábula do lobo em pele de cordeiro.

Peixe fora d’água, custou-me entender o que lá se passava, até que uns tantos membros excluídos da comunidade passaram a invadir meu espaço pessoal incessantemente para solicitar que eu fosse sua voz na comunidade. Eu não quis comprar aquela briga. Eu não tinha a ver com ela. Saí. Não foi difícil, aquela realidade não era minha. Aquela briga não era minha. Foi, na ocasião, algo esquisito, de que não gostei nada. É estranho quando temos um objetivo e somos levados a tomar atitudes não planejadas.

Irônico pensar que hoje opto pelo mesmo caminho, mas agora num espaço com que sempre me identifiquei. Triste é fazer isso pela mesma motivação tida na outra comunidade. A realidade é bem outra, menos de 3 mil membros. Dentre eles, porém, alguns poucos e expressivos nomes dignos do meu respeito. E é por eles que saio, justamente por não concordar em ver calada o desrespeito com que são veladamente (e, por vezes, nem tão veladamente assim) tratados.
Mas tudo na vida são ciclos. Este se fecha, um outro certamente se inicia. Talvez ao revisor caiba mesmo o isolamento. De qualquer forma, estou aqui, disposta a partilhar angústias e delícias da profissão, sempre. Por despedida, cabe um poema que muito admiro e que até então não tinha encontrado momento propício para ofertar a alguém. Eis, infelizmente, uma ocasião perfeita.

Dedico este poema a alguns colegas especiais da comunidade Revisores, do Orkut:

Versos Íntimos (Augusto dos Anjos)

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Tania Mikaela Garcia

* Há quem necessite de constantes estímulos para se auto-afirmar. Há quem não tenha caráter e se beneficie do trabalho alheio para se autopromover. Há quem busque o poder a todo o preço, seja lá o que isso signifique.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Debate acadêmico sobre a "Unificação" da língua portuguesa

Prometi dar um retorno sobre o debate ocorrido na XXVI Semana de Letras do curso de Letras da UNIVALI, em Itajaí, ontem, e cá estou.
O debate foi muito produtivo. Participei como professora convidada, juntamente com a Prof.ª Dra. Mônica Mano Trindade, da UNISUL, e a Prof.ª MSc. Eliana Moreira Utzig, da UNIVALI.

A discussão não ficou limitada aos aspectos lingüísticos que envolvem o problema da reforma proposta. Debruçamo-nos, também, nas motivações políticas e econômicas que alicerçam o "movimento". Discutimos aspectos identitários e culturais implicados nessa ilusória iniciativa de unificação lingüística.

Admira-me o fato de pessoas tão renomadas e esclarecidas argumentarem que a reforma traz simplificações e vantagens para a língua portuguesa.
Admira-me o argumento de que a chamada unificação facilitaria a redação de documentos em eventos internacionais.
Admira-me a afirmação de que a reforma fortalece nossa língua.

Como já mencionei no artigo postado antes deste "desabafo", a idéia de simplificação, em se tratando de língua, é ilusão. O que pode parecer simplificação num contexto fonológico implica complicações num semântico ou sintático ou morfológico... enfim... mexer num paradigma provoca mudanças em outros. Como se pode ver, em se tratando de língua, as coisas não são tão fáceis como parecem.

Quanto ao problema de atualmente haver a necessidade de dois registros em língua portuguesa nos eventos internacionais, há que se pensar em dois detalhes que os defensores da reforma não mencionam: hoje há diferenças ortográficas entre o inglês britânico e o americano (e estamos falando da língua que hoje é tomada como oficial em eventos internacionais de qualquer espécie). Muito bem, ninguém entra em crise na hora de redigir um documento em inglês, ainda que haja variações entre o padrão lingüístico do país colonizador e do país colonizado. Por que essa preocupação agora com o português? E, em segundo lugar: continuará havendo diferenças significativas entre os dois portugueses (e nem estou aqui mencionando diferenças lexicais ou sintáticas, falo mesmo das ortográficas). Que padrão escolherão para registrar nos tais documentos internacionais? O que responde à pronúncia brasileira ou à lusitana? Ora, como é possível perceber, o "impasse" continuará existindo. Que reforma é esta?

Por último, como uma reforma seguida de outra pode fortalecer uma língua? A última reforma ocorreu em 1971. Quinze anos mais tarde houve um movimento para uma nova reforma (sim, porque a tal reforma que dizem poder entrar em vigor em 2009 - o que acredito não ocorrer, graças à prudente resistência lusitana ao acordo - foi gerada por volta de 1985, pasmem!). Se fizermos reformas (e reformas incoerentes como a que está em questão) num período tão curto assim, daqui a cem anos será impossível ler Camões, Eça, Pessoa, Florbela Espanca, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Euclides da Cunha, Drummond. Isso é fortalecer a língua? Isso é jogá-la no lixo! E é jogar no lixo também nossa identidade. Como é que se pode discutir unificação lingüística? E as marcas culturais? E as identitárias?

Sinto-me, tal como as muitas nigerianas, mutilada por pessoas cujos interesses questionáveis perpassam o discernimento maior que se espera daqueles que detêm o poder de decisão e implementação de mudanças na sociedade em que vivem.

A quem interessa esta reforma?
Qual o preço a pagarmos por ela?
Que benefícios reais ela nos trará a curto, médio e longo prazo?


Salve o tão criticado conservadorismo lusitano, que parece estar conseguindo frear nosso furor por mudança e vanguarda, calcada, muitas vezes, em devaneios e interesses escusos e indignos.

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Houve, no debate, um aluno que se manifestou mencionando sua indignação pela concentração de energia dispendida num tema que pode, como muitas coisas no nosso país, acabar numa comilança à italiana.
"Essa é uma discussão inócua!", disse ele.

Discordo! Por mais que saibamos que a dita reforma pode (oxalá!) não ocorrer, ao menos nos próximos dez anos, como anunciou no último dia 10 a ministra da cultura de Portugal, uma discussão como esta não é inócua, uma vez que o problema de uma mudança de tal caráter e com tamanhas implicações não é qualquer coisa e merece, sim, nossa atenção. Precisamos olhar para o problema de modo mais crítico, sem nos deixar influenciar por aquilo que muitas vezes a mídia nos quer fazer ver.
Se há questões muito mais importantes a serem discutidas?
Há, pois!
Ficarmos parados diante de um problema que se apresenta é que não podemos. Temos de nos mobilizar.
Este pode ser um começo.
Que a reforma, ao menos, sirva para algo útil: a visibilidade das questões lingüísticas e do ensino do português.
Talvez isso abra a possibilidade para a reflexão sobre questões mais urgentes e basilares da nossa realidade.




Tania Mikaela Garcia.




segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O (des)acordo ortográfico

Estou saindo daqui a pouquinho para participar de um debate sobre a reforma ortográfica. As pessoas ficaram alarmadas após a notícia veiculada pela Veja há poucos dias. Tudo indica que esse acordo completará a maioridade sem ser posto em prática, mas já que o tema está em alta, resolvi postar aqui o artigo de abertura da seção Letras na Sopa, da revista Sopa de Siri, veiculada na minha cidade e nos municípios vizinhos.
Depois eu comento como foi o debate na XXVI Semana de Letras do curso de Letras da UNIVALI, em Itajaí - SC. Agora vou lá. Até mais.


O (des)Acordo Ortográfico

O tema que abre o Letras na Sopa é o controvertido Acordo Ortográfico firmado em 1990 pelos países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) – Brasil, Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola (Timor-Leste juntou-se aos demais apenas após sua independência). O acordo visa à pretensa unificação ortográfica da língua portuguesa, o que afirmam contribuir para a difusão da língua; mas, passados dezessete anos, ainda não saiu do papel.

Inicialmente, exigia a ratificação de todos os países envolvidos para que pudesse entrar em vigor. Em 2004, o polêmico protocolo modificativo do documento original permitiu que o Acordo vigorasse com a ratificação de apenas três países, o que pareceu acelerar sua implementação, uma vez que Portugal, Brasil e Cabo Verde já o haviam ratificado, mas tudo continuou a passos lentos, pois cada país necessitava cumprir inúmeros requisitos constitucionais para viabilizar as mudanças. Ainda no mesmo ano, o Brasil já havia cumprido todos os requisitos, estando na dependência de Portugal e Cabo Verde para que o Acordo pudesse valer. O Brasil, entretanto, é o único país hoje que não adere ao atual acordo ortográfico existente entre Portugal e os demais países da CPLP.

O cumprimento do protocolo estabelecido em 2004, para Ivo Castro, lingüista e Professor da Faculdade de Letras de Lisboa, põe em risco a concordância atual entre Portugal e aqueles países, céticos quanto às conseqüências da reforma ortográfica a ser operada, em nome de uma parceria ortográfica que nunca existiu com o Brasil.

Para nós, a vigoração do Acordo constituirá transtornos econômicos na área editorial, que precisará ser substituída, mas reduzirá os custos de produção, além de viabilizar uma maior difusão bibliográfica e das novas tecnologias, uma vez que o Brasil poderá competir com grandes editoras portuguesas, entrando no mercado europeu e africano.

O que muda:
• As paroxítonas terminadas em oo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de abençôo, enjôo ou vôo, os brasileiros terão de escrever abençoo, enjoo e voo.
• Também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus decorrentes, ficando correta a grafia creem, deem, leem e veem.
• O trema desaparecerá completamente. Estará correto escrever linguiça, sequência, frequência e linguística ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e lingüística.
• São incorporadas oficialmente ao alfabeto as letras k, w e y.
• O acento diferencial de algumas palavras, como de pára (verbo) e para (preposição), deixará de ser usado.
• Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos éi e ói, como em assembléia, idéia e jibóia, que passam a assembleia, ideia e jiboia.
• Em Portugal, desaparecem da língua escrita o c e o p nas palavras onde não são pronunciados, como em acção, acto, adopção e baptismo, que passam a ação, ato, adoção e batismo, num registro à brasileira. Palavras com diferentes pronúncias entre os países manterão, entretanto, seus respectivos registros, tais como em recepção e receção, registro e registo, corrupto e corruto.

O tema divide opiniões, já que o Acordo parece banalizar as diferenças lingüísticas entre o português brasileiro e o português europeu mantidas com a mudança ortográfica proposta. Para além do mais, ainda que muitas das alterações já sejam praticadas além-mar, algumas demonstram incoerências relativas ao sistema escrito da língua, como a queda do trema, por exemplo. Ainda que a escrita pareça ser facilitada com a supressão de acentos e letras não pronunciadas, a aprendizagem da leitura por crianças e estrangeiros torna-se mais difícil, uma vez que uma única grafia possibilita mais de uma pronúncia. A idéia equivocada de simplificação da língua é pura utopia. Simplifica-se de um lado, complica-se de outro.

E enquanto o (des)acordo ortográfico não se estabelece na prática, seguimos fazendo valer o que está em vigor.


Letras na Sopa é uma seção lingüística que passa a ser veiculada a partir da edição de junho da revista Sopa de Siri, com tiragem de 2.000 exemplares para Itajaí, Navegantes, Balneário Camboriú, Brusque e Itapema (Santa Catarina).
Visite o site http://www.sopadesiri.com.br/


Tania Mikaela Garcia

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Ai, se sêsse

E quem foi que disse que é preciso escrever perfeitamente pra encantar ou fazer poema? Muitas vezes um texto muito bem escrito não tem a beleza de palavras singelas ou criativas.



Ai, se sêsse!


Se um dia nóis se gostasse


Se um dia nóis se queresse

Se nóis dois se empareasse

Se juntim nóis dois vivesse

Se juntim nóis dois morasse

Se juntim nóis dois drumisse

Se juntim nóis dois morresse

Se pro céu nóis assubisse

Mas porém se acontecesse

de São Pedro não abrisse

A porta do céu e fosse

lhe dizer quarquer tolice

E se eu me arriminasse

E tu cum eu insistisse

pra que eu me arresorvesse

E a minha faca puxasse

E o bucho do céu furasse

Távez que nóis dois ficasse

Távez que nóis dois caísse

E o céu furado arriasse

E as virgi toda fugisse



Texto: Zé da Luz, Severino de Andrade Silva, nasceu em Itabaiana, PB, em 29/03/1904 e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 12/02/1965. O trabalho de Zé da Luz, como era chamado, ficou conhecido pela linguagem matuta presente em seus cordéis.

Confira o vídeo do cordel do Fogo Encantado:
http://br.youtube.com/watch?v=RJQC1w0yRbk

Tania Mikaela Garcia

domingo, 9 de setembro de 2007

Revisor não...

Inventei de homenagear as professoras de português, agora precisei fazer o mesmo com os revisores, afinal de contas, não posso privilegiar apenas uma das minhas profissões. Já viram que este não será o último texto, né? Revisores... fiquem à vontade...o texto está sujeito a revisão.

01 - Revisor não usa pagãozinho quando bebê; a palavra não está dicionarizada.
02 - Revisor não cresce; sofre revisões.
03 - Revisor não amadurece; tem novas edições.
04 - Revisor não lê romances; distrai-se com gramáticas.
05 - Revisor não toma sopa de letrinhas; organiza as letras em ordem alfabética no prato.
06 - Revisor não assiste a filmes; analisa legendas.
07 - Revisor não tem vocabulário rico; tem léxico oficial.
08 - Revisor não conversa; faz revisão acompanhada.
09 - Revisor não fala palavrões; substitui-os por palavra menor e mais adequada ao contexto.
10 - Revisor não corta frituras de sua dieta; elimina pastéis.
11 - Revisor não usa remédio para coceiras; cata os piolhos um a um.
12 - Revisor não discute; apresenta problemas de concordância.
13 - Revisor não tem carro; usa foguete.
14 - Revisor não é politicamente correto; é gramaticalmente correto.
15 - Revisor não é repetitivo; recorre a elipses.

16 - Revisor não tem passado; tem pretérito mais-que-perfeito composto.
17 - Revisor não tem novos relacionamentos; revisa o romance.
18 - Revisor não seduz; cria coesão contextual entre os elementos.
19 - Revisor não compara namoradas; coteja-as.
20 - Revisor não acredita cegamente; analisa provas.

21 - Revisor não dá um tempo; coloca vírgula.
22 - Revisor não termina um relacionamento; põe um ponto-final.
23 - Revisor não fere regras; aplica exceções.
24 - Revisor não é inflexível; adota a norma padrão.
25 - Revisor não trabalha; ocupa seu tempo com leituras.

26 - Revisor não escreve errado; tem o aval do VOLP.
27 - Revisor não corrige errado; tem o aval de algum gramático.
28 - Revisor não é condescendente com o erro; tem o aval de algum lingüista.
29 - Revisor não erra; acata a preferência do cliente.
30 - Revisor não deixa furos; testa a atenção do editor.


Tania Mikaela Garcia

sábado, 8 de setembro de 2007

Professora de português

Inspirada num texto às fonoaudiólogas, homenageio aqui minhas colegas de profissão, as professoras de português:

01 - Professora de português não nasce; deriva-se.
02 - Professora de português não cresce; vive gradações.
03 - Professora de português não se movimenta; flexiona-se.
04 - Professora de português não é filha de mãe solteira; resulta de uma derivação imprópria.
05 - Professora de português não tem família; tem parênteses.
06 - Professora de português não envelhece; sofre anacronismo.
07 - Professora de português não vê tv; analisa o enredo de uma novela.
08 - Professora de português não tem dor aguda; tem crônica.
09 - Professora de português não anda; transita.
10 - Professora de português não conversa; produz texto oral.
11 - Professora de português não fala palavrão; profere verbos defectivos.
12 - Professora de português não se corta; faz hiato.
13 - Professora de português não grita; usa vocativos.
14 - Professora de português não dramatiza; declama com emotividade.
15 - Professora de português não se opõe; tem problemas de concordância.
16 - Professora de português não discute; recorre a proposições adversativas.
17 - Professora de português não exagera; usa hipérboles.
18 - Professora de português não compra supérfluos; adquire termos acessórios e artigos indefinidos.
19 - Professora de português não fofoca; pratica discurso indireto.
20 - Professora de português não é antiecológica; compra superlativos sintéticos.

21 - Professora de português não é frágil; é átona.
22 - Professora de português não fala demais; usa pleonasmos.
23 - Professora de português não se apaixona; cria coesão contextual.
24 - Professora de português não tem casos de amor; faz romances.
25 - Professora de português não se casa; conjuga-se.
26 - Professora de português não depende de ninguém; relaciona-se a períodos por subordinação.
27 - Professora de português não tem filhos; gera cognatos.
28 - Professora de português não tem passado; tem pretérito mais-que-perfeito.
29 - Professora de português não rompe um relacionamento; abrevia-o.
30 - Professora de português não foge a regras; vale-se de exceções.
31 - Professora de português não é autoritária; possui voz ativa.
32 - Professora de português não é exigente; adota a norma padrão.
33 - Professora de português não erra; recorre a licença poética.



Tania Mikaela Garcia
textocorrigido@terra.com.br

domingo, 2 de setembro de 2007

A Biblioteca Pública e a formação de leitores

Estive em julho no 16º Congresso de Leitura do Brasil (COLE), em Campinas – SP. Dos seminários organizados para que se discutissem as armadilhas e problemas de leitura no país, participei do seminário sobre bibliotecas públicas. Meu objetivo era o de expor uma análise dos índices estatísticos registrados pela Biblioteca Pública de Itajaí, a Biblioteca Pública Municipal e Escolar "Norberto Cândido Silveira Júnior" (http://biblioteca.itajai.sc.gov.br/), em seus sete anos de funcionamento e que, até onde pude acompanhar de perto, apresentavam-se numa escala crescente de resultados advindos de serviços e ações de incentivo à leitura. Qual não foi minha surpresa ao constatar que os números apontam algumas novidades preocupantes.

Embora a Biblioteca em questão esteja muito além da maioria de bibliotecas do país, oferecendo um acervo excelente, infra-estrutura de ponta e alto nível tecnológico, a média anual de leitura por usuário cadastrado caiu. De 2,6 livros lidos anualmente por usuário em 2004, a média em 2007 é de 1,8. Da mesma forma, a média de novos usuários cadastrados vem diminuindo. Que razões estariam por trás dessa mudança?

Num país em que o MEC é o maior comprador de livros do mundo e que os índices de leitura em pesquisas nacionais são catastróficos, mais do que oferecer uma infra-estrutura de qualidade, faz-se necessário promover efetivamente a formação de leitores, com iniciativas e políticas públicas que visem sanar o problema de leitura. Se uma escola sem biblioteca ou uma biblioteca sem livros são realidades lamentáveis, triste também é um livro à espera do leitor que não chega.

Dos níveis de alfabetismo relativos à leitura, tais como descodificar, compreender, interpretar, estabelecer relações, criticar e replicar, mais da metade dos leitores brasileiros só chega ao segundo nível, não conseguindo ir além de uma leitura localizacionista, sem extrapolar o texto, a fim de fazer inferências e posicionar-se criticamente frente ao que lê. Nesse sentido, a Biblioteca Pública pode extravasar sua função de extensão escolar, atuando socialmente no fomento à leitura e ao lazer cultural, assim como a escola necessita rever seu papel na formação de leitores. E para que isso ocorra, muitas armadilhas precisam ser quebradas.

A mera exposição ao universo da escrita não garante a alfabetização. Aprovação automática não assegura sucesso escolar. Mais tempo na escola não certifica mais aprendizagem. Escola com merenda, uniforme, material e serviços de extensão médico-social não cumpre necessariamente seu papel. O acesso de alunos especiais à sala de aula comum não traduz obrigatoriamente inclusão social. Livro e computador a alcance de todos não garante letramento algum. Enfim, mais do que dar o peixe, é preciso ensinar a pescar. E pescar bem requer técnicas específicas.

A propósito, já conhece o acervo da Biblioteca Pública de seu município? Visite-a. Não esqueça de levar seu filho, sobrinho ou irmão para ler um livro também!



Tania Mikaela Garcia


sábado, 25 de agosto de 2007

Sobre a natureza efêmera das letras

É intrigante pensar sobre a sensação de efemeridade das palavras que a internet nos provoca. Criamos um espaço virtual, escrevemos meia dúzia de palavras e “salvamos”. Se não divulgarmos esse espaço ou se simplesmente nos esquecermos de voltar lá… é como se fossem palavras ao vento, perdidas, dissolvidas no ar. Letras de macarrão.


As palavras na rede não passam de letras de macarrão. De uma solidez fragilizada, as mesmas letras que na voz do poeta fazem “poema concreto” desintegram-se, liquefazem-se, evolam-se na tela do computador, perdendo-se nas galáxias de sites, blogs, fóruns, chats e tantos outros ciberburacos negros do espaço virtual.


Se analisarmos bem, constataremos que – tal como o ciberuniverso com suas inúmeras constelações de brilho lívido, quasares distantes e corpos que gravitam a esmo – a tinta no papel também possui sua efemeridade. Basta encontrarmos no fundo da gaveta aquelas linhas escritas há anos, tantos que fica difícil crer que sejam de fato nossas, tamanha a transformação que os anos nos trouxeram. Pior, basta jamais reencontrarmos as linhas escritas e eternizadas num papel, que pára no lixo sem que ninguém o tenha lido. O mesmo papel que eterniza é o que se dissolve, inchado pela água e reduzido a papa, qual letra de macarrão.


Aprendemos a temer as letras. Ensinaram-nos a escrever com uma responsabilidade cerceadora, que nos tolhe, nos inibe, nos assusta. Diferentemente da fala, a escrita registra, captura. “Escrever não é assim!” É preciso dominar a técnica, saber as regras, adquirir habilidades… como se o ritual de passagem que nos permitisse o prazer da escrita sem culpa nos obrigasse a beber esse conhecimento vertido da boca de gárgulas que – ao mesmo tempo que nos matam a sede – nos amedrontam com pleonasmos viciosos, cacófatos, silepses e anacolutos. Então, deparamo-nos com aquelas letras dançando bem ali a nosso alcance, na colher da sopa, quase que implorando nossa intervenção salvadora… e o que fazemos? Engolimo-las, como quem engole o choro, prende o grito, evita o soco.


“Com comida não se brinca, mocinha! Toma logo essa sopa!” Não é difícil compreender a relevância da sopa. Ela acalenta. Ela aquece. Ela nutre. Uma criança sabe disso, mesmo que não admita. Diante de tão nobres objetivos, torna-se compreensível o desconforto causado pelo desejo quase incontrolável de roubar um punhado de aletria, salvando as pobres letrinhas de seu honroso destino. Como explicar o prazer de espalhar pelo chão as futuras palavrinhas de macarrão e areia? Como justificar o deleite de destruir um L, arrancando-lhe um pedacinho, por não encontrar um i que preencha a penúltima sílaba? Seria assim tão horrível quanto riscar um livro? E o que dizer, então, da irresistível satisfação de triturar aqueles minúsculos simbolozinhos entre os dentes (e os possíveis grãos de areia), enquanto a próxima palavra a ser formada é escolhida? Quanto desperdício de possibilidades naquele pacote trancafiado no armário! Quantas palavras destinadas a virar mingau…


É instigante pensar na natureza contraditória do macarrão de letra. Enquanto mantém sua consistência, permite que brinquemos com ele; e só quando se fragiliza é que nos sustenta. Seu caráter mutante, sua natureza dual, sua característica de pão e circo… Se minhas palavras serão alimento ou se apenas letras soltas no chão; se eternizadas ou efêmeras; se levadas a sério ou não… pouco importa. Importa que eu possa escrevê-las sem medo, sem culpa, sem o peso da responsabilidade a me travar dedos e língua. Importa que me saciem a fome, mas que me seja permitido um punhado delas pra brincar. Se algumas ficarão perdidas pelo caminho, acabarão moídas ou engolidas, não importa… desde que não me fiquem presas na garganta!

Tania Mikaela Garcia

textocorrigido@terra.com.br